quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Dicionário de LIBRAS


Contrário ao modo como muitos definem a surdez -
isto é, como um impedimento auditivo - pessoas
surdas definem-se em termos culturais e linguísticos.
(WRIGLEY, 1996, p.13)

Segundo dados públicados no site www. surdo.org.br, há de acordo com o senso realizado em 2202, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estátiticas (IBGE), há no Brasil cerca de 24,5 milhões de pessoas com deficiências, sendo que no censo do ano de 2000, as estátisticas apontavam 5,75 milhões de pessoas surdas, sendo que 796.344 entre 24 anos de idade, comparando estes númers ainda podemos destacar que no censo de 2003, estavam matriculados nas universidades brasileiras apenas 344 pessoas surdas.

Apresento estes dados a fim de destacar a importância da cultura surda e a LIBRAS. Em uma sociedade de maioria e de tradição ouvinte, a língua de sinais ganha reconhecimento, tanto político, quanto social muito recentemente, mesmo que esta língua estando presente nas comunidades surdas.

Existem diversos marcos na luta surda, mas abordando mais especificamente o Brasil, através da FENEIS - Federação Nacional de Educação e Integração Surda, ocorreu a oficialização da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) em 24 de abril de 2002, conforme a Lei Federal 10.436. O reconhecimento da língua, da sua diferença linguística e da cultura evidência a luta da comunidade surda, e deve ser debatida e reconhecida por nós professores. Afinal,

"Ser surdo e usuário da língua de sinais é enfrentar 'também' uma situação bilíngue, pois o surdo está exposto à língua portuguesa tanto na modalidade oral quanto escrita (...) Devemos considerar, em um primeiro momento, que o surdo é usuário da língua portuguesa como segunda língua (...) devemos considerar a importância do conhecimento da língua de sinais, por parte do surdo e do professor." (KARNOPP, 2005, p. 110-111)

É fundamental essa percepção por parte dos professores que possuem alunos surdos em suas salas de aulas, afinal é fundamental para o desenvolvimento do aluno a LIBRAS, e como segunda língua o português, sempre compreendendo que o processo de avaliação de textos escritos de surdos é diferente do alunos ouvintes, pois sua escrita se dá de forma diferente, principlamente na estrutura gramatical. Há recomendações do MEC que se referem a avaliação dos textos de alunos surdos, seja nos diferentes níveis escolares, segundo a portaria nos diz, "flexibilidade na correção das provas escritas, valorizando o conteúdo semântico", considerando a diferença linguística e cultural da pessoa surda. (KARNOPP, 2005)

As reflexões acerca do uso das tecnologias para a inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais se dá juntamente com as reflexões sobre as particularidades do ensino destes sujeitos.

Um dos canais que podemos utilizar para ensino de LIBRAS e que é de fácil acesso, é o dicionário de LIBRAS, acessado através do site www.acessobrasil.org.br/libras/ . O dicionário possui a opção de busca, você digita a palavra, e o resultado, além do significado da palavra, da classe gramatical, e origem, aparece um exemplo de escrita em português, o exemplo de escrita do surdo, e o vídeo mostrando como se faz o sinal em LIBRAS, e a configuração (posição) da mão no referido sinal (pois há várias configurações de mão, e dependendo da posição da mão pode mudar o significado do sinal).

É importante proporcionarmos neste blog, nas universidades, nas escolas, além de dicas de tecnlogias que existem para assegurar o acesso das pessoas com necessidades especiais, discussões para refletirmos e conhecermos os direitos, as lutas, as diferenças dos diferentes grupos que fazem parte deste contingente populacional denominado pessoas com necessidades especiais, sejam elas físicas, mentais, motoras, entre outra. Afinal o acesso é somente um meio de inclusão, mas não garante esta, pois esta se dá nas relações que se estabelecem, por isso é preciso investimento em tecnologias, mas acima de tudo é preciso percebermos e nos propormos a olhar de outras formas para os sujeitos da inclusão, com olhos que não vejam apenas uma deficiência, e sim possibilidades de.

REFERÊNCIAS:

KARNOPP, Lodenir Becker. Língua de Sinais na Educação dos Surdos. In: LOSPES, Maura Corcini; THOMA, Adriana da Silva (Orgs.). A invenção da Surdez: cultura, alteridade, identidade e diferença no campo da educação. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2004. p. 103-113)

www.acessobrasil.org.br

www.surdo.org.br

Postado por Elisa Bender Storck

Um comentário:

  1. Elisa,

    Fizemos um dicionário de libras que pode ser atualizado por qualquer pessoa, dessa forma, proporcionamos um dicionário vivo.
    http://libras.w3ca.com.br

    Assim como qualquer idioma um dicionário tem que se manter atual e evoluir com a comunidade de surdos.

    Parabéns pelo seu blog, faltam mais posts novos, quem sabe vc possa divulgar também esse outro dicionário de libras.

    Abraços
    Fabio

    ResponderExcluir