sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O sujeito cego e o mercado de trabalho

A dificuldade do sujeito cego já começa em sua vida cotidiana, no desrespeito aos direitos por eles adquiridos para sua locomoção, que deveria ser gratuita em transportes coletivos, mas que muitas vezes as empresas não respeitam, no direito a educação e acessibilidade. Na sua cidade quantos semáforos com sinal sonoro você conhece? Em quantos restaurantes você já viu um cardápio em braile?
Segundo o Jornal Diário do Nordeste, os bancos dificultam a abertura de contas e a emissão de talão de cheque e cartão de crédito para deficientes visuais,
“No caso dos bancos, o Banco do Brasil não aceita que um deficiente visual movimente sua prórpia conta, como faz uma pessoa de visão normal. Segundo o assessor de comunicação da Agência Aldeota, Clebernardo Rodrigues Bezarra, o banco exige uma procuração pública para que o deficiente possa assinar algum documento. No entanto, ele não pode ter talão de cheque no seu nome e nem cartão de crédito. Dos 5% das vagas destinadas aos deficientes em geral, no último concurso público do Banco do Brasil, nenhuma foi preenchida por um deficiente visual. Clebernardo acredita que para o serviço bancário eles não são úteis.”
Se para abrir uma conta bancária os sujeitos cegos enfrentam dificuldade e preconceito, imaginem na hora de conseguir um emprego.
No mesmo jornal dando seu depoimento o programador Francisco, que nasceu com atrofia no nervo ótico, afirma que para ele o preconceito é o maior problema, “As pessoas nos encaram como deficiente e nos colocam num patamar bastante inferior. É muito comum que queiram tomar decisões por nós, sem sequer perguntar qual as nossas necessidades e o que realmente queremos.” .
Mesmo com leis que tentam amenizar a descriminação e garantir o acesso ao mercado de trabalho há resistência por parte das empresas.
A Constituição proibiu todas as formas de discriminação nos salários e nos critérios de admissão do profissional portador de deficiência, pois o preconceito não se mostra apenas na falta de oferta, mas também na diferença de salários entre os profissionais.
Ainda a Constituição lhes reserva um percentual de cargos e empregos públicos (arts. 7º, XXXI, e 37, VIII), porém a reserva de percentual não faz desnecessária a necessidade de aprovação no concurso, assim como devem ser compatíveis com a deficiência as atribuições do cargo.
Em empresas privadas, a Lei n.8.213/91 assegura em favor de pessoas portadoras de deficiência de 2 a 5% das vagas em empresas com mais de 100 empregados. No entanto as empresas argumentam de diversas formas , como no caso de contratar 5% de profissionais deficientes, teriam que demitir outros 5% de trabalhadores da empresa, outras relatam que não há condições de acesso para recebê-los (e nem esforço para adaptações). E ainda, algumas propõe o pagamento de um valor para um fundo que dispensasse a contratação de pessoas deficientes. Também de argumentar o custo dos equipamentos de apoio aos cegos.
Além de ser uma barreira para a contratação os equipamentos de apoio se tornam uma barreira na formação de novos profissionais, pois no caso para realizar um curso, por exemplo de informática, tão solicitado no mercado de trabalho atual, o aluno provavelmente terá que levar seu próprio material.
A falta de informações, tanto para os empresários quanto para os próprios cegos, sobre os recursos de apoio disponíveis torna-se uma barreira para abertura no mercado de trabalho.Aliado a isto, as questões culturais que alimenta a visão de que os cegos seriam incapazes, dificulta a contratação destes profissionais, pois para muitas empresas o custo dos equipamentos não seria inviável, sendo que uma impressora braile custa cerca de US$4,5 mil e um bom leitor de tela sai por US$800.
O Instituto Benjamin Constant, que funciona no Rio de Janeiro, é a instituição dedicada a educação de cegos mais antiga do Brasil, realizou uma pesquisa onde foram analisadas 440 profissões de diversos níveis de escolaridade e qualificações profissionais. Obtendo a indicação de 95 ocupações, compatíveis com o desempenho das pessoas deficientes visuais.
Mesmo acreditando que haja muitas outras possibilidades, se houver estimulo, apoio e capacitação, acreditamos que essa, como outras iniciativas, são válidas para que as empresas possam começar a desmistificar a idéia do sujeito deficiente como incapaz.
Nesta pesquisa o mais interessante foi a apresentação dos recursos ópticos, técnicos e complementares apresentados. Para que se possa conhecer ferramentas capazes de abrir o campo de mercado para esses sujeitos.
Segundo a pesquisa referida, os principais recursos disponíveis para facilitar o desempenho do deficiente visual (cego ou de visão subnormal) são:
RECURSOS ÓPTICOS :
Telessistemas, Lentes asféricas, Lupas manuais e réguas plano-convexas, Lupas de mesa com iluminação – CCTV.
RECURSOS TÉCNICOS :
Sistema sonoro de comunicação com o microcomputador DOSVOX), sintetizador de voz de bolso para microcomputador, ,sistema operacional complementar ao DOS, ,sistema de fala em língua portuguesa; editor e leitor de textos; diversos programas de uso geral para o cego, como, por exemplo, caderno de telefones, agenda de compromissos, calculadora, etc.; ampliador de tela para o DOS; programa de telecomunicações, computador ou fax, através de linha telefônica. Pode-se também ter acesso à Rede Internet gratuitamente através da Rende - Rede Nacional de Deficientes (em acordo com a Rede Nacional de Pesquisas).Impressora braille Braille n’speak Calculadora sonora Estante para leitura Caneta óptica
RECURSOS COMPLEMENTARES:
Reglete, punção, máquina PERKINS, réguas e metros adaptados, sorobã; máquina de
datilografia com tipo ampliado; caneta de ponta porosa, lápis de escrever 6B, suporte para leitura, etc.; cadernos e papéis com pautas especiais, letras ampliadas e cores contrastantes; controle da iluminação ambiental: aumentando-se ou diminuindo-se focos luminosos para objetos, folhas de trabalho, textos, etc.; transmissão da luz, com auxílio de lentes absortivas e filtros que diminuem o ofuscamento e aumentam o contraste.
Assim como estudantes de Pedagogia que a melhora na qualificação pode começar nas escolas, se em nossas práticas pedagógicas tivermos comprometimento de ser um professor que busque lutar pelo direito aos suportes de apoio a aprendizagem de nossas alunos cegos, pois acreditamos que a pessoa cega precisa daquilo que todas as outras precisam, e tem direitos como todos os cidadãos.
Fontes:

http://diariodonordeste.globo.com/

http://www.ibc.gov.br/

Postado por Elisa Bender Storck

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